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Florianópolis: Insular, 1999.  280 p.

Nesta produção mista – de histórias-de-vidas intercaladas a ensaios de cunho religioso – Nilson Thomé faz uma releitura e reinterpretação de temas religiosos ligados à História da Guerra do Contestado, abordando assuntos como messianismo, misticismo e fanatismo, não sob a forma de um tratado religioso, mas sim, como uma produção de História, interdisciplinada com a Antropologia e a Sociologia. Trata também dos reflexos ou da forte influência das personagens no sentimento religioso e no comportamento social do povo da Região do Contestado. A obra contempla um total de 21 personagens típicas que a historiografia rotulou: de profetas, aqueles adivinhos que faziam predições de futuro nos seus tempos, legando-nos lendárias profecias; de monges, aqueles de vida austera, monásticos de grutas, que viviam solitariamente, afastados do convívio social; de visionários, aqueles que diziam ter visões sobrenaturais, videntes que recebiam ordens do além, iludindo o povo pela fantasia; de curandeiros, aqueles que curavam ou induziam a cura de doentes, por meio de rezas, benzimentos, plantas ou feitiçaria; de pregadores, aqueles evangelizadores, apóstolos leigos, que pronunciavam sermões e pregavam a palavra de Deus; de charlatões, aqueles embusteiros e trapaceiros, aproveitadores e impostores, que exploravam a boa fé da população; de peregrinos, aqueles estranhos que percorriam as estradas dos campos e das matas, viajando a pé pelos distantes sertões;  de eremitas, aqueles anacoretas que viviam no ermo da natureza por penitência, ermitões da vida contemplativa; e de fanáticos, aqueles facciosos, que se consideravam guiados por divindades, aderindo e propagando doutrinas profanas. Para o autor, “Os Iluminados”, são aqueles que se revelaram como luzes inspiradoras para conduzir o povo à nova era, aqueles que prometeram paz e felicidade aos aflitos, e aqueles que influenciaram a mentalidade coletiva do Homem do Contestado. A pesquisa de Nilson Thomé consistiu em colher o máximo possível de informações, passando-as a seguir pelo crivo da crítica da erudição. Em seguida, ele dirigiu-se às suas próprias fontes, aquelas que são consideradas originais e levantou, então, as figuras mais mencionadas e procedeu a escolha daquelas que poderia enquadrar como “iluminadas”, diante de menções encontradas que, para a História, poderiam ser consideradas verdadeiras, à vista das contradições. Passo seguinte, o estudioso reescreveu as histórias de cada uma das personagens, narrando suas vidas e interpretando suas manifestações, aproveitando aquilo que entendeu, pela crítica, como fontes aceitáveis para suas novas biografias.

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